Semelhanças

A Posuída, O Início

O título da Saga Secreta et Legata (segredos e heranças), surgiu de um amigo, Alec Silva, um grande escritor,  cujo vem me ajudando e apoiando muito. O título me suou estranho, por que não era o que eu tinha em mente, mas aceitei a ideia
A proposta inicial era Mell Richardson e a Verdadeira Face, mas aí juntei os dois títulos para agradar a ambas as partes.
A saga conta a história de uma garota que se vê como um monstro, enquanto as outras pessoas à sua volta a vêem como a coisa mais linda do mundo. É claro que ela não gosta que a chamem assim, por que, afinal de contas, não é isso que ela vê quando se olha no espelho...
A figura é lamentável, vinda de filmes de terror, o que vocês, leitores, logo notaram certa semelhança com aquele garotinho infectado por um lobisomem do filme A Possuída, O Início.
A criança não possui o lábio inferior, nem o superior, lhe deixado à mostra os dentes caninos tumultuados. Grahhhh! Definitivamente uma coisa nauseante de se ver. E é assim que a protagonista da história se vê, quando olha seu reflexo no espelho.
Do que adianta a beleza para Mell, se nem ao menos ela pode ver? Um conflito mortal com sigo mesma. Um drama que ela não sabe superar e nem muito menos acostumar-se. Em meio a tanto tormento contra a sua própria imagem, vários segredos serão descobertos ao longo da trama. E tudo que ela pensava ser, é na verdade o oposto. Por que uma moeda tem dois lados, e nunca, somente um.
Qual será realmente a face de Mell Richardson? O monstro que ela vê, ou a perfeição em forma de gente que as pessoas vêem?







O final de uma das séries mais arrepiantes sobre lobisomens traz agora, o início de tudo. As irmãs Brigitte e Ginger sofrem um acidente de navio no Canadá. Toda a tripulação foi morta, inclusive seus pais. As meninas se perdem nas geleiras e descobrem que têm companhia: uma tribo de índios e diversas pessoas num forte isolado pela neve. Além disso uma maldição fala sobre duas forasteiras que podem acabar com lobisomens ou torná-la ainda mais poderosa graças a um pacto de sangue... poderoso e eterno.
Quem não viu, aconselho a ir vê-lo, um dos melhores filmes de terror, que eu considero.

       
Mais uma semelhança



Pois é, novamente eis mais uma semelhança. Quem já ouviu falar do Retrato de Dorian Gray? Um jovem narcisista que descobriu os piores caratês do mundo. Apaixonado por sua própria beleza, ele acaba vendendo sua própria Alma.
O que acontece depois? É simples! Ele fica condenado a uma vida de pura beleza... Nunca envelhecer e permanecer sempre jovem e lindo.
Mais agora você se pergunta. Qual é a semelhança entre Mell Richardson, a protagonista da trama, e o charmoso Dorian. O fato é que Mell se vê como uma figura grotesca, enquanto o que realmente é imposto a ela é a sua beleza desconhecida. Dois Narcisos da Vida e duas maldições enlouquecedoras.
Ser bonito não é fácil...
É bem verdade que todo mundo daria tudo para ser um eterno galã de Hollywood, mas do que adianta tanta beleza se no final os dois nunca serão normais? Dorian não pode envelhecer. Mell não pode ver sua verdadeira face.
Eis um resumo básico do romance Oscar Wilde.
Boa leitura.



O RETRATO DE DORIAN GRAY
Partindo da premissa do sociólogo Comte, de que “todo homem nasce bom e é a sociedade que o corrompe”, temos em Dorian Gray um exemplo perfeito para justificar essa teoria sociológica.
Dorian Gray é o personagem central de uma história extremamente trágica e fantástica. Um jovem de cerca de 17 anos, dono de uma beleza narcizesca, que fascina a todos que o conhecem, sejam eles mulheres ou homens, tem seu retrato pintado por um devotado amigo. Na noite em que o retrato é terminado, Dorian conhece Lorde Henry Wotton, abastado e libertino amigo do Pintor Basílio Hallward. Lorde Henry, é o burguês com traços aristocratas clássico (cínico, preconceituoso, sarcástico e bon vivant ao extremo), depois de alguns minutos com Dorian, deixa-o completamente perturbado, colocando em sua cabeça questões até nunca imaginadas pelo rapaz, como o do fim da vida e degradação de seus bens mais preciosos (beleza e juventude), devido à atuação do tempo sobre a carne.
Dorian extremamente perturbado com tudo isso e em um momento de grande desespero, em um terrível rompante contra seu amigo Basílio, por ter despertado nele o conhecimento da beleza que até então ele mesmo não conhecia; roga aos céus para que ele nunca envelheça e toda a ação do tempo sobre ele, além da marca dos pecados que cometesse dali em diante fosse transferida á pintura.
Mais calmo e inconsciente do pedido que fez, estreita-se à amizade entre Dorian e o Lorde, sendo Basílio colocado gradativamente de lado. Mas o mais inacreditável esta por vir. Possuído pela mesma paixão que o fizera perder a cabeça quando seu quadro ficou pronto, Dorian Gray acaba conhecendo a jovem Sibyl Vane, uma adolescente atriz que por seu amor dedicado à arte de atuar, conquista o amor de Dorian. O fim trágico dessa história de amor e outros acontecimentos levam a uma drástica mudança na personalidade, até então em formação, desse personagem. E é nesse contexto que ele percebe a alteração em seu quadro e que fantasticamente, o desejo feito em um momento de fúria se realizou. E se inicia a gradual destruição da figura no quadro, a figura representativa da alma de Dorian Gray, que a cada dia que passa se perde ainda mais no abismo da maldade.



Dorian é apresentado a escritos hedonistas, onde a busca do prazer deve ser o objetivo primordial e único de todos os homens; onde as causas, os modos e as formas não têm nenhuma importância, perante o objetivo principal. Dorian, então, é jogado em um mundo escuro, onde pecados são esquecidos apenas quando outros ainda maiores são cometidos. Uma pergunta feita a Dorian em determinado momento da obra, é bastante ilustrativo a respeito disso: “qual o proveito de um homem que ganha o mundo inteiro, mas perde sua própria alma?”. E é isso o que vemos ocorrer com ele. O bem e o mal são sempre discutidos e interpretações distintas são sempre atribuídas a eles. Quando Dorian faz uma boa ação, faz por realmente estar tentando ser bom, ou seria exatamente pelo contrário, e suas atitudes longe de possuir bondade, seriam apenas formas de enaltecer ainda mais seu já enorme ego? Como um toque de Midas ainda mais bizarro, tudo o que ele toca se degrada.
Wilde, enquanto escritor, foi um grande questionador e crítico da sociedade e do período em que viveu, e ele utiliza Lorde Henry para ser seu porta voz:
“(…)todo mundo pode ser bondoso no campo. Lá não há tentações. E é esta justamente a razão pela qual as pessoas que vivem fora da cidade não são absolutamente civilizadas. A civilização não é, de maneira nenhuma, uma coisa fácil de se alcançar. Há apenas duas maneiras de chegar a ela. Uma é a cultura e a outra, a corrupção. Ora, a gente do campo não tem oportunidade de travar conhecimento com qualquer das duas maneiras; por isso fica completamente estagnada(…)”